domingo, 2 de novembro de 2008

C - Quase namorou.


Sem dedicatória, por garantia.


Em que pese a mesquinhez da natureza na compleição de Zezé, ele era muito feliz. Pelos menos, parecia. Como os gordos, os feios insistem em parecer, e gostam de afirmar, serem muito felizes.

Zezé não era diferente. Contador de piadas, sem preterir as que ironizam os feios, e de riso fácil, estava sempre pronto para servir. Amigo de todos e de todas as horas. Se preciso, um gentleman.

Dificuldades? Nos meandros do amor. Não que enfrentasse dificuldades para amar, ou sofresse de algum mal físico, quiçá psíquico. Nada disso. Tudo, tudo residia na sua feiúra.

Melhoras acentuadas quando foi trabalhar por uma semana em uma cidade vizinha.

Hora das refeições, todos juntos no único restaurante da cidade. Conversa vai, conversa vem, ninguém ignorou o interesse e o tratamento diferenciado da garçonete sobre Zezé.

Nos dias seguintes, repetiram-se os fatos. Sorriso aberto, cochichos no pé do ouvido das colegas, parecia muxoxo. Não se controlava ao cruzar seus olhos com os de Zezé.

Sexta-feira. Afora Zezé, em torno da mesa todos prontos para o serviço.

Serelepe, a garçonete se aproxima e antes do obrigatório o que desejam, perguntou:

- e aquele baixinho, feio de fazer dó, não veio?

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